É domingo de sol numa estrada estreitinha do interior de Portugal. Por esse caminho passa, de carro, um casal de brasileiros que mora no país europeu. De repente, não mais que de repente, os dois ocupantes do carro veem sentadinho, bem no meio da estrada, um cachorrinho cor de mel todo ferido. Seu olhar de tristeza basta para fazer com que o carro pare e, de dentro dele, venha a esperança de uma ajuda mais do que necessária. Passa uma senhora pela estrada e os dois jovens, já com o cachorrinho ferido no colo, perguntam se ela sabe onde mora aquele serzinho tão indefeso. Sem titubear, a senhora diz que ele deve ter sido abandonado, já que naquela região se abandonam muitos cachorros, principalmente aos domingos. “Aos domingos?”, perguntam os brasileiros. “Sim, aos domingos, dia de caça aos coelhos nesta região; os cães são usados como auxiliares de caçadores e, se não fazem seu trabalho direitinho, são abandonados”, responde. E diz mais a senhorinha: “Os abrigos para cães abandonados das redondezas estão lotados; nem tentem arranjar um lugar para esse cãozinho desgarrado”. Tudo isso, que aconteceu de verdade em 26 setembro de 2021, inspirou a jornalista Maria Teresa Fernandes a escrever Zombie, o cãozinho português. Em texto autobiográfico, e dosando um bocadinho de realidade com um bocadão de ficção, a autora se coloca no lugar do protagonista, que passa a contar sua história de maus-tratos com final feliz. A intenção da autora é chamar a atenção das crianças para a necessidade de se amar incondicionalmente os animais.