Os Seminários Dispersos nasceram no isolamento da Pandemia de Covid-19, com a proposta de “criar comunidade”. Daniel Quaranta, como bom anfitrião, estabeleceu um ambiente de escuta e diálogo em que emergiram narrativas envolventes sem um planejamento estrito. Na edição deste livro, as transcrições foram tratadas como matéria-prima para compor, um processo em que as contribuições individuais se articulam para produzir um todo – pela força do hábito, eu ia dizer “um todo coerente”, mas entendo que não foi este o principal critério, mais estético e intuitivo do que puramente lógico. Como leitor, optei por associar a cada um dos entrevistados uma palavra extraída de seu próprio depoimento, um conceito-chave que guiou meu passeio pelos capítulos: Jocy – reflexão; Silvio – fluxo; Tatiana – política; Edson – sentido; Arthur – gesto. Por esses caminhos cruzados, o leitor é convidado a fazer seu próprio trajeto, escolhendo o que guardar e o que descartar, aquilo que ressoa e aquilo que não vibra, incorporando perspectivas, desejos, métodos. Como bem aponta Daniel, “o sentido, na música, é algo como a utopia. Serve para continuar caminhando”. Guilherme Sauerbronn de Barros – Pianista e professor do Programa de Pós-graduação em Música (PPGMUS), da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc)