Em seu primeiro trabalho versando sobre o tema do câncer, Antonieta trouxe-nos sua experiência ao vivenciar dois tumores da mama, num intervalo de dois anos, as angústias diante do diagnóstico e o enfrentamento da doença por meio de um duro e desgastante tratamento. Ela sobreviveu, numa caminhada que hoje já conta mais de dez anos desde a primeira manifestação. Neste novo livro, amplia o espectro narrativo com casos de seus próprios pacientes e familiares, abordando os aspectos emocionais que envolvem estes personagens, diante das auras de gravidade e temor que ainda revestem este tipo de doença. Agora, então, ela atende os pedidos de vários leitores e partilha com eles um novo rol de experiências. Se, após a perda da genitora, sua família de origem havia se dispersado e ela passara a ser o esteio da família atual, desta feita voltou a existir um continente familiar à sua volta e ela experimenta outras dinâmicas ambientais que o câncer desencadeia no meio mais próximo ao paciente, como a prepará-la para o que estava prestes a enfrentar, pediam-lhe que escrevesse uma continuação ao Câncer e Vida, no intuito de orientar aos familiares de pacientes deste mal. O pedido é atendido neste livro, que, porém, pode ter sua leitura desvinculada daquele anterior. Um áspécto interessante deste trabalho está no fato de serem narrados, aqui, cinco outros casos de câncer em diferentes contextos familiares: uma cuidadosa composição feita pela autora, ilustrando arranjos que se mostram necessários e como são possíveis ao ambiente mais próximo do paciente, no sentido de compreendê-lo, de oferecer-lhe os cuidados necessários, mas igualmente no sentido de compreender e respeitar as angústias daqueles familiares. E, apresentando explicações técnicas num livro que não é técnico, Antonieta expõe sua convicção de que o câncer é uma doença de etiologia. Psicológico-familiar, ao lado das conhecidas etiologias genéticas e ambientais, ou seja, no desenvolvimento emocional relacionado à família de origem, como nos conflitos originários da família atual, encontram-se os facilitadores psicológicos do câncer, e, analogamente, nas equilibradas reações familiares encontram-se boa parte dos facilitadores da evolução de cada caso, ainda que não seja viável a cura.